"Fomos informados de que Alex Saab foi colocado em um avião do Departamento de Justiça dos Estados Unidos e enviado para aquele país", indicou em Cabo Verde Manuel Monteiro, advogado do empresário, afirmando que a extradição é ilegal, porque o processo judicial em Cabo Verde não foi totalmente realizado.
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Após a extradição, Caracas denunciou em nota oficial o que chamou de "sequestro do diplomata venezuelano Alex Saab pelo governo dos Estados Unidos em cumplicidade com autoridades cabo-verdianas".
A Venezuela considerou a extradição de Saab "uma agressão" e suspendeu a participação de seus delegados na reunião com a oposição. "Não participaremos da rodada que começaria amanhã, 17 de outubro, na Cidade do México, como expressão profunda do nosso protesto contra a agressão brutal" a Saab, declarou em Caracas o presidente do Parlamento, Jorge Rodríguez, que lidera a delegação do governo de Maduro.
Corrupção e lavagem de dinheiro
Saab e seu sócio comercial Álvaro Pulido são acusados nos Estados Unidos de dirigir uma rede que explorava a ajuda alimentar destinada à Venezuela. Eles são acusados de transferir cerca de US$ 350 milhões, quase R$ 2 bilhões, para contas que controlavam nos Estados Unidos e em outros países, e podem ser condenados a até 20 anos de prisão.
Saab, que também possui nacionalidade venezuelana e passaporte diplomático daquele país, foi acusado em julho de 2019, em Miami, de lavagem de dinheiro, e preso durante uma escala de avião em Cabo Verde, na África, em junho de 2020.
O Departamento de Justiça dos Estados Unidos não respondeu a um pedido da AFP para confirmar a extradição de Saab, mas o presidente colombiano, Iván Duque, publicou no Twitter que a extradição do empresário "é uma vitória na luta contra o narcotráfico, a lavagem de dinheiro e a corrupção que propiciou a ditadura de Nicolás Maduro. A Colômbia apoiou e seguirá apoiando os Estados Unidos na investigação contra a rede criminosa transnacional liderada por Saab."
Cabo Verde concordou no mês passado em extraditar Saab para os Estados Unidos, apesar dos protestos da Venezuela, que descreveu a prisão do empresário como "arbitrária" e afirmou que o mesmo sofria "maus-tratos e tortura" nas mãos das autoridades locais.
Roberto Deniz, jornalista que cobriu a história da Saab para o site de notícias investigativas venezuelano Armando.info, disse no mês passado que o governo de Maduro estava desesperado para que Saab fosse libertado. "É claro que existe muito medo, não só porque ele pode revelar informações sobre subornos, sobre os locais onde o dinheiro foi movimentado e os preços inflados, mas também porque Saab foi a ponte para muitos desses acordos que o regime de Maduro começa a fazer com outros países aliados", avaliou.
A ex-procuradora-geral da Venezuela Luisa Ortega, que rompeu com o chavismo e fugiu do país, declarou que Saab era "a principal testa de ferro do regime", e que ela mesma havia repassado as provas do caso a autoridades.
Prisão de executivos
Momentos após a extradição de Saab, seis ex-diretores da Citgo (subsidiária da estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA) nos Estados Unidos) que cumprem pena por corrupção voltaram para a cadeia, segundo advogados e familiares. Eles cumpriam prisão domiciliar desde abril
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